Árvores movimentando-se em ritmo perfeito, gotas de chuva caindo e escoando pelas ruas, pássaros encolhidos em seus ninhos, cigarras gritando quase que imperceptivelmente, o silêncio do dia escuro por está coberto por nuvens, o barulho da chuva e uma única palavra, Saudade. Saudade dos dias em que não me comparava com árvores, que não pensava em mim como uma das, mas eu, assim como elas, preciso de cuidados e de adubo (amor), assim como elas possuo um ritmo perfeito, mas para fugir e me arrepender.
Saudade das gotas de chuva que não eram as minhas lágrimas, que escorriam pelas ruas formando poças na qual brincava e não pelo meu rosto deixando marcas.
Sinto-me como um pássaro escondido em seu ninho, me encolho entre as cobertas e, parada, espero o tempo passar, mas ele nunca passa ou passa tão rápido que não percebo por teimosia de me manter paralisada no instante em que fui sua e você foi meu, e assim o pássaro volta a voar junto com os sonhos e desejos, e volta a correr o risco de mais uma vez cair.
Grito, grito ao lado das cigarras, um grito alto e fino, mas você não pode me ouvir, as nuvens nos afastaram e hoje, para nós, está escuro, está silêncio e eu estou com medo, medo de te perder de vista para sempre.
O único barulho que ouço é o da chuva que cai lá fora, ela veio para lavar e aliviar, veio trazendo as lembranças e a certeza de que eu preciso de qualquer outra realidade em mim, menos a nossa. Após a chuva virá o sol, após o amor a saudade, mas existe um 'após' a saudade?