domingo, 20 de outubro de 2013

E ela esperou. Desde o exato momento em que soube que viria, esperou. Desde o horário previsto para o seu desembarque, esperou. O esperou por horas, por dias. Mesmo não querendo vê-lo, ainda assim esperou. Arrumou-se, colocou seu melhor perfume, seu melhor sorriso e o esperou, carregando em si uma suave esperança de que, ao revê-la, ele finalmente veria o que tinha deixado para trás... esperou. Pior do que a ideia de reencontra-lo era o saber que ele não viria, não para ela, não para procura-la ou busca-la em meio a multidões. Havia acabado, a tempos havia acabado, mas nela a saudade ainda existia, silenciada pelas mágoas. Apesar de, ela havia esperado. Apesar de, ela havia aberto a porta do seu guarda-roupa e retirado milhares de roupas, provando-as cautelosamente para não errar, buscava algo que melhor valoriza-se seu corpo, mas que não tirasse a atenção do seu sorriso. Apesar de, ela provou seus perfumes para usar a fragrância que melhor o agradasse. Apesar de, ela respondeu sua mensagem quando tinha prometido a si mesma que não mais falaria com ele. Apesar de, ela esperou. Era impressionante a forma que ele havia mudado, não mais era o seu amor, apenas era mais algum ser humano do planeta, que igual aos outros não se importa com os sentimentos das pessoas e mesmo sabendo disso, ela o esperou. Esperou pelo sorriso, o olhar, o abraço, as brincadeiras, as piadinhas sem graça, as provocações.. os beijos. Ela esperou. Sorrindo, chorando, deitada, de pé, bebendo, cantando... Esperou. E ele, ele veio, mas não para ela, não para procura-la, não para busca-la em meio a multidões.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Quem dera pudéssemos guiar as atitudes dos demais. Quem dera pudéssemos direcionar nossas lembranças apenas para as coisas boas. Quem dera pudéssemos voltar para o passado e desfazer erros e reviver acertos. Quem dera pudéssemos não nos impressionar com as mudanças. Quem dera pudéssemos não nos decepcionar com quem convivemos, confiamos, amamos. Quem dera os sorrisos não custasse tanto a ponto de fazer falta em certos dias. Quem dera pudéssemos não esperar tanto de quem sabe-se que não virá nada. Quem dera pudéssemos olhar fotos e recriar histórias. Quem dera pudéssemos trocar por laços os nós feitos pela vida. Quem dera pudéssemos acreditar mais uma vez. Quem dera pudéssemos transformar toda a dor em flor. Quem dera os sonhos não adormecessem, os amores não morressem e os amigos não se perdessem. Quem dera todas as emoções fossem verdadeiras. Quem dera pudéssemos abraçar o mundo com nossas pequenas mãos e olha-lo sempre com o olhar de uma criança. Quem dera pudéssemos dançar na chuva, juntos. Quem dera pudéssemos esquecer toda a mágoa. Quem dera pudéssemos chorar só de alegria. Quem dera pudéssemos não mais sentir... Quem dera.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ela colocara um balde com água, dois baldes, três baldes na tentativa de encher novamente a fonte, aquela que, por vezes, era a certeza que tinha de ter algo. Uma, duas, três tentativas e nada, a fonte não mais continuava a mesma, ela havia secado a tempos e por mais que ela insistisse com seus milhares de baldes ela não mais voltaria a encher, a fonte havia secado junto com suas lágrimas, junto com suas mágoas, junto com suas dores e torná-la a encher, seria tornar a sentir tudo e ela sabia, no fundo, ela sempre soube que aquilo não a fazia bem, então porque insistia? Porque tentar diminuir os milhares de erros e novamente enche-la? A fonte tinha feito sua escolha, havia preferido milhares de moedas a seus baldes tão limpos, cheios e verdadeiros. Ela tornara a colocar um balde com água, não mais na esperança de enchê-la, mas sim para limpá-la que de tão vazia havia perdido seu brilho. Ao perceber que havia chegado a hora, cansada, ela partiu, deixando para trás a fonte e suas histórias, levando consigo seus baldes para que pudesse usá-los transbordando fontes merecedoras.