terça-feira, 8 de junho de 2010

Eu gostaria de ficar para sempre ali, admirando a pele alva, o cabelo ao mesmo tempo claro e escuro e os olhos que falavam mais que as próprias palavras que saiam da sua boca. Sentada no lugar de costume eu o observava, estava tão lindo com aquela camisa que ressaltava seu sorriso. Uma camisa que combinava perfeitamente com a bermuda e com seus movimentos, ora agitados, ora calmos demais. Eu sabia que tudo aquilo era único, que cada sorriso e cada gesto seriam, talvez, os últimos. Sabia que aquele banco em que estava sentada e que por muitas vezes serviu de mesa quando nos jogamos no chão, seria, talvez, meu último assento naquela varanda. Sabe aquela coisa de "sempre há algo que falta"? Eu acredito, para mim falta tudo ao mesmo tempo em que nada falta. Falta entedimento quando tudo é compreensão e falta perguntas quando tudo já teve suas respostas.
Mas é como a vida nos ensina, é preciso muito sol para secar as poças e muita paciencia e força para secar as lágrimas. É impossível tentar prender quem nasceu com asas, quem tem asas quer apenas voar e quem voa só pousa para descansar.
Apenas sei que admirando-o eu percebi que tive tanto amor, que hoje, tenho medo que não sobre mais espaço para nada. E você, me queira bem, pois nesse exato minuto eu te quero assim. Por mais que tenhas partido e teu banco em minha frente esteja vazio, por mais que o amanhecer do dia na varanda não tenha mais a mesma graça, eu sempre te quererei bem.
E ainda que dentro de meu peito, tudo adormeça, ainda assim te quererei bem, como se quer a um irmão, um pai, um amigo leal.
Eu gostaria de ficar para sempre ali, em nossa varanda, em nosso mundinho, mas estou cada vezes mais viajante, cada vez mais independente, cada vez mais proibida para você.
Proibida por que chega um momento em que temos que escolher algo concreto e certo para a nossa vida, não sei, de fato, o que isso significa, mas sei que essa hora é agora.
A cada dia eu sei que estou esquecendo e um dia eu esquecerei sem saber.
Por muitas e muitas vezes, fiquei na varanda esperando que você voltasse, tomasse seu lugar no banco em minha frente e me olhasse com aquele olhar gritante e em meio a boca entre-aberta sussurrasse um 'oi'. Por muitas e muitas vezes esperei,até que certo dia você voltou, quer dizer alguém voltou, pois quem voltou não era mais você, o dono da pele alva e dos cabelos ao mesmo tempo claro e escuro que me hipnotizava de admiração, esse alguém que voltou eu desconheço, por isso levanto do meu banco, te olho uma (quem sabe) última vez, abandono a nossa varanda e sigo, por que jamais acontecera algo naquele lugar. Tudo ali estaria para sempre e silenciosamente ali, preso em meus pensamentos e lembranças, esperando, apenas um reencontro ou um novo começo(talvez) e por mais que minha garganta, assim como seus olhos gritassem, o silêncio a calaria e faria-me ver que eu gostaria de ficar ali para sempre, mas hoje, até o 'para sempre' me confunde.